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segunda-feira, 23 de março de 2009

Depardieu solta a voz como um cantor brega

Um dos principais nomes do cinema francês nas décadas de 80 e 90, tendo cruzado muitas vezes o Atlântico para fazer filmes nos Estados Unidos, Gérard Depardieu teve seus momentos mais inspirados, nos últimos anos, em papéis de coadjuvante, entre eles o empresário Louis Leplée de “Piaf - Um Hino ao Amor”. Como protagonista, sua última grande atuação foi em “Quando Estou Amando”, lançado agora em DVD pela Califórnia.O personagem Alain Moreau, um cantor brega cinquentão que já foi muito famoso e que se dedica a animar bailes e festas, parece ter sido feito sob medida para Depardieu. Depois de não ter emplacado em Hollywood (realizou apenas um filme interessante por lá: “Green Card - Passaporte para o Amor”, de Peter Weir) e perder o prestígio que tinha na França, conquistado em sucessos como “Meu Tio da América” e “Camille Claudel”, o intérprete virou, muitas vezes, um pastiche de si mesmo.Como Moreau, Depardieu mantém ainda seu charme, mas seu talento parece perdido em meio a novas tecnologias e ao interesse do público. A certa altura da narrativa, o cantor é indagado se pode comandar um karaokê com os frequentadores, o que é prontamente repudiado pelo protagonista.Estagnado e vivendo dos louros do passado, Moreau não está perdido apenas em relação aos rumos profissionais. Numa de suas apresentações, ele conhece a jovem corretora Marion e a leva para a cama. O que seria uma simples conquista, muda completamente de figura ao perceber que a garota foi embora sem se despedir.O filme deixa implícito que, ao não ter o retorno de Marion sobre o seu “desempenho”, Moreau se sente inseguro, o que só aumenta após as insistentes rejeições dela.Quando observamos mais atentamente a relação do artista com a ex-esposa, que não chegou a um ponto final, a conclusão é de que Moreau quer manter todos presos, de alguma maneira, a ele. O resultado é o retrato de uma pessoa frágil, carente emocionalmente, que parece sofrer as mesmas desilusões presentes em suas músicas. O que poderia soar como um personagem afetado e antipático ganha uma interpretação sensível e cativante de Depardieu, que solta a voz em belas canções

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